Os mais-passeio final
? O pessimismo existencial das palavras de Carlos constitui a mais radical negação do Naturalismo determinista e positivista.
? Este diálogo final desempenha a função de um epílogo ideológico que abarca o nível da intriga e o da crónica de costumes: desiludidos por uma existência marcada pela tragédia e pelo falhanço social, resta a Carlos e Ega a opção do fatalismo, que é , ao mesmo tempo, a descrença nas suas próprias possibilidades.
? No entanto, esta atitude de desprendimento contém ela própria uma faceta trágica: a impossibilidade de assumir coerentemente esta teoria de vida, uma vez que os ideais resultam em desilusão e poeira.
? Na verdade, bastou a lembrança de um “paiozinho com ervilhas” para eliminar a atitude de desprendimento e reavivar a vitalidade humana numa corrida ofegante.
A visão pessimista do Portugal da Regeneração
? No episódio do Passeio Final, Eça destaca a decrepitude e o aspeto lúgubre das pessoas, motivadas por valores que não acompanharam a evolução dos tempos.
? Em Lisboa as pessoas traduziam a decadência do país, caracterizando-se fundamentalmente pela ociosidade crónica que as levava a vagabundear, numa moleza doentia.
? Eça pretendia dissecar o período da Regeneração, posterior ao regime liberal, um momento politicamente estável (após a revolta chefiada por Saldanha, em abril de 1851), mas económica e culturalmente decadente.
? A “regeneração” do país não se efetivara de facto; este termo deveria ter significado o progresso a todos os níveis, de modo a situar Portugal entre os povos civilizados; porém, cerca de trinta anos após as lutas liberais, o país não renascera.
Aspetos fundamentais da sociedade portuguesa dos finais do século XIX apresentados no Passeio Final
? Imobilismo total. “Nada mudara.” (pág. 697).
? Provincianismo da sociedade lisboeta. “…com uma curiosidade de província, examinavam aquele homem de tão alta