Os Maias

Os Maias

Eça de Queirós faz uma crítica à sociedade lisboeta de finais do séc. XIX através da decadência da família Maia. Esta família, simbolizando a alta burguesia, também entrou em declínio e não foi capaz de conservar os velhos valores, que lhe garantiram a nobreza do passado, face aos vícios e do presente. Portanto, os Maias denunciam, numa linha naturalista, os vícios que degradam as pessoas( como o jogo e a bebida) e as taras hereditárias que condenam à nascença os herdeiros: Carlos há -de falhar, pelo pai que já falhou, suicidando-se. Maria Eduarda contribui para o incesto, porque a mãe era uma adúltera. Estas personagens irão contribuir para a intriga amorosa ligada ao subtítulo da obra “Episódios da Vida Romântica”.
A sociedade evocada na obra constitui a Crónica de Costumes, onde se assiste a esse desmoronar das famílias, à corrupção dos valores e aos espaços sociais que serão o palco onde as personagens-tipo não paravam de se exibir. Assim, poderemos evocar: Eusebiozinho representa a educação retrógrada portuguesa; Alencar, o poeta, representa o Ultra- Romantismo, Conde de Gouvarinho, ministro e par do Reino, representa o poder político incompetente; Sousa Neto, deputado, representa a administração pública; Palma “Cavalão”, o director do jornal
“ A Corneta do Diabo”, o jornalismo corrupto; Dâmaso Salcede, “chique a valer”, é representante do novo- riquismo e a súmula dos vícios de Lisboa da 2ª metade do século XIX; Steinbroken, ministro da Finlândia, “c’est grave” a diplomacia inútil; Cohen, o banqueiro, as altas finanças; Craft, a formação britânica, etc .Estas personagens vão protagonizar as principais cenas da obra, possibilitando uma crítica fina e mordaz, própria do realismo – caso do Sarau da Trindade; do Jantar no Hotel Central, as Corridas no Hipódromo. São espaços sociais onde as personagens vão exibir os seus “dotes”, acabando por quebrar o verniz e descer ao mais baixo nível: as ditas senhoras finas perderão o seu estatuto e os