"Os Maias" - Espaço Social
Espaço Social
Os espaços sociais aparecem construídos, na obra, quer através dos ambientes vividos pelas personagens, em determinados momentos, quer através do percurso de personagens que tipificam um determinado grupo social, caracterizando-o.
São de realçar alguns episódios, onde a criação de ambientes específicos revela a preocupação do autor no sentido de evidenciar algumas das características mais flagrantes do povo português. Esses episódios (a par com o percurso efectuado pelas personagens) constituem um dos vectores estruturais da obra: a crónica de costumes.
O jantar no Hotel Central
Este episódio permite-nos perspectivar o Portugal contemporâneo de “Os Maias”. Em honra do banqueiro de prestígio, Cohen, torna-se rico pelo retrato crítico que Eça faz ao contexto politico e cultural do seu tempo.
Neste jantar, Ega pretende homenagear o banqueiro Cohen, o marido de Raquel, por quem Ega estava apaixonado e com quem mantinha uma relação. É neste momento que Carlos penetra no meio social lisboeta, adoptando, contudo, a atitude distante, que manterá até ao final da obra. O que interessa salientar aqui é a emissão de juízos realizada pelas personagens e que nos permite compreender o panorama cultural da Lisboa da época. Apresenta-se a visão crítica de alguns problemas e também é neste episódio que Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez. Destacam-se os seguintes assuntos e controvérsias: - Literatura: Alencar defende o ultrarromantismo, é o poeta ultrarromântico; Ega defende o Realismo e o Naturalismo (esta discussão revela uma sociedade dominada por valores tradicionais, a que se opõe uma nova geração, representante da Geração de 70, na figura de Ega). Este, contudo, defende exageradamente a inserção da ciência na literatura. - Politica: Ega critica a decadência do país e afirma desejar a bancarrota e a invasão espanhola. - a maneira de ser português revelada, sobretudo, através das visões de Carlos (que começa por