Os maias analise
1. A estrutura do romance
A estrutura de Os Maias é desde logo definida pelo próprio autor ao sublinhar a importância do subtítulo. Numa carta de Bristol (Outubro de 1887) ao se editor, Eça escreve: “(…) D’abord je voudrai une épreuve de la capa – surtout parce que le roman a un sous-titre qui doit paraître dans la couverture », insistindo ainda no relevo do subtítulo em duas cartas posteriores (Dezembro de 1887 e Abril de 1888) : « Il ne faut pas oublier que le roman a un sous-titre – Episódios da Vida Romântica ».
Assim, Os Maias apresentam dois níveis narrativos relacionados directamente com: o título – Os Maias: história de uma família ao longo de três gerações (a intriga central); o subtítulo – Episódios da Vida Romântica: a descrição/pintura de um certo estilo de vida, o romântico, através da crónica de costumes da sociedade lisboeta (aristocracia e alta burguesia da década de 70 de séc. XIX).
Constatação de que a intriga central (organizada em torno dos amores incestuosos de Carlos e Mª Eduarda) apresenta uma estrutura tripartida (antecedentes da acção, os amores, o desfecho trágico) fechada, enquanto que a crónica de costumes se concretiza através da construção de ambientes e da actuação de personagens-tipo, revelando-se como acção aberta.
Estes dois níveis narrativos articulam-se de forma alternada, funcionando os ambientes como pano de fundo para a actuação de algumas das personagens da intriga central, que aí se destacam da mediocridade geral.
2. A estrutura da intriga central
Introdução e preparação da acção (p. 5-95):
- Ramalhete no Outono de 1875 (p. 5, Cap. I);
- instalação dos Maias;
- grande analepse: . juventude de Afonso e exílio em Inglaterra (pp. 13-17, Cap. I); . acção secundária: vida de Pedro (infância, juventude, relação e casamento com Mª Monforte, suicídio) (pp. 18, Cap. I a 52, Cap. II); . Carlos (infância, pp.53-86, Cap. III; juventude e estadia em Coimbra pp. 87-95, Cap. IV;