Os lusíadas uma afirmação de fé e orgulho nas capacidade do homem
Os portugueses não se mostraram aventureiros ao enfrentar o desconhecido dos oceanos: o aventureiro lança-se ao perigo sem pensar nele, quase instintiva e irracionalmente. Não foi isto o que se passou com os portugueses. Eles sabiam antes de partir, e sobretudo à partida os perigos e as dificuldades que os esperavam. Sabiam-no bem, e se o não soubessem lá estava o “Velho do Restelo” para lho lembrar: cuja voz no mar ouviram claramente. A determinação deles era tão firme que não pensaram duas vezes em ir por diante, apesar desta prudente advertência do “venerando velho”.
Tiveram ocasião de experimentar a verdade deste aviso, quando a meio da viagem enfrentaram o Adamastor. Também aqui deram prova da sua determinação: não se assustaram, nem encolheram de medo ao ver e ouvir as ameaças do terrível monstro. Pelo contrário, enfrentaram-no corajosamente pedindo-lhe que se identifica-se, recusando-lhe quaisquer satisfações. “Quem és tu?”, isto bastou para que quem lhes surgira para meter medo, desaparecesse e se sumisse, metendo pena. Não fora a coragem e determinação dos portugueses e a viagem teria terminado ali, sem chegar ao fim.
E também quase à chegada à Índia, deram provas uma vez mais da fé inquebrantável com que tinham partido a dilatar a “fé e o império”. Refiro-me à tempestade. Agora era o próprio mar que se levantava contra os marinheiros tentando engoli-los. Souberam enfrentar o perigo e tomar as