Os judeus e os primeiros séculos da era crista
INTRODUÇÃO
OS JUDEUS E OS PRIMEIROS SÉCULOS DA ERA CRISTÃ
A questão judaica na Idade Média não pode ser estudada somente a partir desse momento histórico. Perseguição, segregação, exploração, massacre foram condições impostas a esse povo e que não podem ser analisadas sob um único aspecto ou prisma. Inicia-se, necessariamente, na Antiguidade, passando pelo fanatismo religioso próprio da época medieval, por superstições, intrigas, vinganças, por fatores econômicos, raciais, políticos, que vêm se desenvolvendo num crescente ao longo da história do ocidente europeu e que, acaba, gerando conversões forçadas, massacres, “expatriações” e, por fim, o que se poderia definir na atualidade como um “quase” genocídio.
O povo hebreu, apesar de algumas revoltas localizadas, não sofreu grandes hostilidades populares quando do domínio imperial romano. Na Antiguidade podiam se tornar “cidadãos”, sendo livres para praticar sua religião. A permissão da prática religiosa romana, com certeza, foi um dos primeiros fatores de oposição entre as duas religiões.
Os semitas, por sua cultura, viviam dentro de regras de isolamento muito próprias, bem como praticavam proselitismo religioso pelo Império Romano em concorrência a fé cristã em ansiosa expansão, sendo esses os dois primeiros fatores de conflito.
Por essência, os judeus se distinguem da cristandade desde os primórdios desta. Os hábitos que compunham sua vida, como alimentação, serviços religiosos, medicina, associada à magia, responsabilidade deicida, seriam condicionantes que se agregariam em fomento à discriminação.
Esta última, a contumaz acusação de deicídio, iniciada a partir dos séculos III e IV, foi a principal justificativa para as perseguições medievais.
“Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça (...) também os chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, caçoavam dele” (Mt 27, 39-41). Cristo, sentado em majestade, é escarnecido pela turba de