Os intelectuais e a politica lulista
Faltando apenas três meses para o governo Lula completar seu primeiro ano, já é possível delinear com mais segurança sobre o perfil de sua gestão. Trata-se de uma gestão marcada pelo pragmatismo sindical. Lula, enfim, revela a cada dia a origem de sua cultura política.
O pragmatismo sindical brasileiro possui uma dupla característica histórica. A primeira, forjada no pós-guerra e que entra em declínio com o golpe militar de 64, tinha como principal artífice o Partido Comunista Brasileiro. Muito já se interpretou do ideário do “Partidão”. Vale, para o tema em pauta, destacar algumas de suas características:
a) Superação dos resquícios feudais da política e economia brasileira. Esta proposição, que muitos estudos demonstraram ser equivocada, sustentou o arco de alianças políticas que envolvia o campesinato pobre, o operariado urbano e o empresariado progressista. A intenção era fortalecer um projeto nacional-desenvolvimentista, consolidando o mercado interno, as elites nacionais e disseminando as relações capitalistas em nossa sociedade. Nas palavras dos seus autores, tratava-se de desatar os nós das forças produtivas capitalistas;
b) Ação política etapista. O etapismo significava a mudança gradativa da correlação de forças políticas do país. Seria uma tradução livre da revolução burguesa nacional. O discurso era rarefeito, diluído em diversas pautas populares, chegando próximo do populismo;
c) Interlocução privilegiada com o Estado. A convicção política era que o Estado seria o promotor das transformações estruturais da sociedade. A ação e a pauta sindicais eram, portanto, sempre nacionais e voltadas para influenciar a agenda estatal. Vários depoimentos de lideranças sindicais da época revelam as manobras políticas marcadas por acordos e inserção nas agências estatais.
A segunda herança histórica é a que se constituiu nos anos 80, no processo de liberalização política do país. O discurso das