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A política do precariado1
José Guirado Netoa
O interesse em escrever A política do precariado: do populismo à hegemonia lulista surgiu durante o ano de 2008, quando Ruy Braga estava à frente do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania da Universidade de São Paulo (Cenedic/USP).
André Singer, já há alguns anos, havia trazido a discussão acerca do “lulismo” para o interior do grupo, quando, na época, Chico de Oliveira chamou a atenção dos participantes para a importância de investigar as origens da forma de hegemonia que se instalara no Brasil a partir do governo Lula. Diante das inquietações suscitadas por esse debate, Ruy delimitou o fio condutor de seu projeto de pós-doutorado, que mais tarde daria origem à obra A política do precariado, a saber: analisar criticamente o populismo fordista até o “lulismo” hegemônico atual, sob a ótica da política do precariado. Para dar conta de tal empreitada, o autor resgatou o arcabouço teórico da sociologia marxista e da sociologia pública (de Michael
Burawoy) que já carregava em sua bagagem intelectual, como em A nostalgia do fordismo (2003) e Por uma sociologia pública (2009).
A obra parte de um diálogo crítico tecido com diversos textos consagrados da sociologia do trabalho brasileira, de autores como Juarez Lopes, Leôncio Rodrigues,
Jonh Humphrey e Ricardo Antunes (só para mencionar alguns). Por essa via, o livro segue em tom inovador, ao abordar a formação e a transformação da política do precariado brasileiro, por meio da teoria da inquietação operária. Assim, o autor pretende desmistificar (e é bem-sucedido) a suposta passividade política do precariado, ao longo do período analisado (1950-2012), ainda que a organização político-social desse grupo apresentasse características divergentes e flutuantes ao longo dos anos destacados.
Já na introdução, Braga (2012, p. 18) define aquilo que entende como precariado: “Aos nossos olhos, o precariado, isto é, o proletariado precarizado, é