Os estudos de etnografia
A etnografia urbana, como o próprio nome pressupõe, se ocupa de sociedades urbanizadas, ou seja, de tipo complexo, cujo grau de institucionalização pressupõe alto grau de burocratização e de racionalização de leis e procedimentos, complexa divisão do trabalho social e de processos produtivos, bem como um modus vivendi completamente distinto de outras sociedades com configurações menos complexas. Trata não só de sociedades urbanas acabadas; mas do processo de complexização que acompanha a urbanização nas grandes metrópoles contemporâneas e suas rápidas transfigurações.
Os estudos de etnografia urbana, por suja vez, dividem-se em duas correntes, segundo seus objetos e sentidos primordiais de análise: O primeiro tipo está focado nos aspectos desagregadores dos processos de urbanização, ou seja, no quão traumático e doloroso pode ser o crescimento urbano para aqueles que o experimentam na forma de colapsos e crises. Dentre seus temas estão os problemas pelos quais passam as grandes metrópoles, como o trânsito, o colapso do transporte urbano, o deficitário sistema de saúde, as desigualdades sociais, a aprofundização da miséria e a exclusão social, a falta de saneamento básico, a desigual distribuição de direitos básicos, violência urbana, poluição etc. Obviamente, o locus desses estudos são as grandes cidades que mais experimentam esses problemas, ou seja, tratam-se das realidades da periferia do sistema capitalista, onde a distribuição de renda é gravemente mais desigual