Os equívocos da infância medicalizada
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RESUMO
O presente texto recoloca em cena as questões das crianças e dos adolescentes em tempos pós-modernos, destacando a questão da medicalização da infância, situando a discussão na interface das pesquisas no campo Psicanálise e Educação.
Palavras chave: Infância, medicalização, sintoma.
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Todos nós que nos ocupamos da clínica também estamos habituados com solicitações de tratamento de crianças a partir de uma exigência da escola em relação à sua inadaptação, ou inadequação à regras mais elementares de seu aprendizado e de sua socialização. Normalmente são os pais, mais especificamente as mães que nos formulam este pedido. O que torna estes pedidos curiosos é que invariavelmente, trazem consigo um enunciado pedagógico nos seguintes termos: "A escola chegou à conclusão que esta criança necessita de um acompanhamento". Isto nos remete a fazer uma breve reflexão sobre a concepção de criança e o papel da educação na civilização, buscando compreender as implicações impostas por esta relação adulto-criança-instituição, tentando extrair daí as conseqüências que nos interessam. Inevitável nos perguntar acerca do mal-estar inerente ao processo civilizatório. A chegada de uma criança ao mundo coloca questões para o adulto gerando um sentimento no mínimo ambíguo, pois ao mesmo tempo em que há um movimento de reconhecimento de um novo ser, há também certo embaraço devido à necessidade de apresentar aos recém-chegados um mundo que os antecede e que continuará após sua morte, e no qual transcorrerá sua vida. Desde os primórdios, qualquer que tenha sido o momento em que a civilização teve início, é a educação em seu sentido mais amplo, o termo que usamos para definir o processo pelo qual vai ocupar um lugar na sociedade, bem