Evangelho dos Ctaros Jesus disse aos seus discpulos O Pai-Abismo olhou a si mesmo, e viu o Abismo de Sua transcendncia. Ento imaginou o Todo, e imaginou o Nada. O Nada parecia-se muito com o Seu Abismo, o Todo, entretanto, era-lhe totalmente diferente. O Abismo no possua fundo, e o seu fundo era Nada. O Todo possua fundo, e portanto, no se parecia com o Abismo. O Abismo no possua lado, e todos os seus lados eram Nada. O Todo, pelo contrrio, tinha lados, e portanto, no se parecia com o Abismo. O Abismo possua ausncia de altura e de superfcie, e superfcie e altura eram-lhe Nada. O Todo, entretanto, possua altura e superfcie, e, desse modo, no se aparentava ao Nada e nem ao Abismo. O Pai-Abismo olhou o Abismo, e no viu ali nenhuma forma. Olhou o Todo, e viu uma enorme e incomensurvel forma. Ele denominou o Abismo e o Nada de a Sua Direita e ao Todo, denominou a Sua Esquerda. Ento, na Sua imaginao, o Pai Abismo observou que teve incio uma movimentao o Nada recusou ser nomeado o Todo amou profundamente o seu nome de Esquerda de Deus. Assim imaginava o Pai-Abismo, antes de Criar. E nesse estado, sondou demoradamente a Sua ideia de Esquerda e de Direita, e viu os seus movimentos contrrios. Ento surgiu-lhe uma nova ideia, algo como que um plano ou diretriz para uma Criao, segundo o qual seriam harmonizados e equilibrados o Todo e o Nada, e se faria o Nada aceitar um Nome, e o todo aceitar a ausncia de Nome do Nada. Ele imaginou o Meio, e fez esse meio ser um Corao, e ps nesse corao um espao esquerdo onde o Todo pudesse chegar com o seu Nome e a sua Forma colossal, e um espao direito, onde o Nada pudesse chegar com a sua ausncia de Nome e de Forma. O Todo podia, ali, olhar e perceber o Abismo da Transcendncia divina e o Abismo do Nada podia chegar ali e olhar o Nome e a Forma do Deus Imanente. Deus Imanente pde chegar ali e emitir um Som, uma Palavra e o Deus transcendente pde tambm chegar ali e emitir o Seu Silncio. O Silncio emitido apareceu como uma substncia inerte e