OS DESDOBRAMENTOS REFLEXIVOS DA MÚSICA “PRECONCEITO DE COR” DE BEZERRA DA SILVA
Raphael Péricles Borges *
Resumo:
Esse artigo busca analisar a música “Preconceito de cor” do álbum fonográfico titulado como “Justiça Social” do cantor Bezerra da Silva, gravado em 1987. Permeando as discussões de Michel de Certeau, buscaremos elucidar as táticas e estratégias utilizadas na construção da música em seus múltiplos desdobramentos. Com efeito, percebemos Bezerra da Silva como um agente cultural, produtor de cultura em um espaço de experiência e um horizonte de expectativa. Ademais, os desdobramentos socioculturais permitem esclarecer e compreender o olhar e o ouvir do preconceito instituído na época. Podemos interpretar que a música “Preconceito de cor”, através de sua natureza estética e polissêmica, retrata os desdobramentos que os homens negros sambistas sofreram por estarem presos, sem motivo algum, ou seja, ocorre na música o relato de uma situação hipotética envolvendo os “crioulo do morro” em um roubo, pelo qual o narrador acredita que eles não roubaram e estão presos de forma injusta, assim utiliza a música como forma de protestar contra a circunstância. Dessa maneira, a música representa vítimas de exclusão e preconceito como também de luta social, pois, ao mesmo tempo em que existem negros presos, existem homens que lutam para libertá-los através da música, pois com ela são respeitados. Partindo desse ponto, o artigo pretende fazer uma reflexão sobre as contradições e as influências presentes no contexto sociocultural da época. O objetivo do artigo é romper com noções estereotipadas e naturalizantes construídas sobre o papel do negro nas relações sociais e culturais.
Palavras-chaves: negro; preconceito; sociedade.
Este artigo é fruto de pesquisas durante as aulas no Programa de Pós-graduação em História da UFPB, tendo sua dimensão na pluralidade dos estudos sobre história e música para as reflexões historiográficas.