Os cangaceiros e as lideranças dos maus
1. PALAVRAS INICIAIS
O presente estudo de caso de liderança foi inspirado no livro “Lampião e a Sociologia do Cangaço”, de Rodrigues de Carvalho. Por intermédio do estudo dos fatores da liderança, procurara-se entender porque e como um indivíduo consegue liderar um grupo praticando o mal. É interessante comentar que alguns autores quiseram justificar os cangaceiros apontando-os como “vítimas do sistema”, ou como “protetores e vingadores do povo humilde do sertão”. Abaixo, transcreve-se um trecho do livro acima citado (Capítulo XXV, O sadismo das castrações) que demonstra a inverdade desta tese.
No dia 17 de outubro de 1930, Lampião chegava ao povoado de Cachoeira do Tamboril, em Sergipe, à frente de sua sinistra horda. Após saquear o pequeno comércio, Virgulino Ferreira parou numa residência e pediu à dona da casa, ou melhor, ordenou que lhe preparasse um café. Sentou-se em um tamborete e ficou a esperar a encomendada rubiácea. A cinco ou seis metros da varanda onde estava, na frente da casa, dois bandidos divertiam-se em espancar barbaramente um rapaz de 22 anos. Era Pedro José dos Santos, primo da dona da casa, onde ele se instalara sem esperar convite. Os facínoras torturavam a infeliz vítima gratuitamente, por puro sadismo. Apenas se divertiam. Essa cena brutal, capaz de revoltar qualquer criatura normal, desenrolava-se na frente da casa, como se disse, a cinco ou seis metros das barbas de Lampião, que a tudo assistia com a mais natural indiferença. Até parecia que aquilo fazia bem aos seus nervos. E enquanto o café não saia, os dois tarados continuaram cevando o sadismo de anormais, seviciando o desditoso rapaz, que sequer conheciam.
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Os dois facínoras torturavam Pedro de forma desumana quando chegou um terceiro. Logo ao se