Os avanços e os dilemas do modelo pós-burocrático: a reforma da administração pública à luz da experiência internacional recente. Fernando Luiz Abrucio
Fernando Luiz Abrucio
A administração pública está vivendo um contexto revolucionário, onde novos conceitos surgem para combater os antigos. O modelo burocrático vem sendo questionado. Estão sendo implementadas inovações, ao mesmo tempo em que algumas conquistas do modelo burocrático vem sendo negligenciadas.
Este artigo pretende analisar as reformas administrativas realizadas a partir da década de 80, analisando os avanços realizados e as principais características deste processo, utilizando o exemplo da Inglaterra, na busca de um modelo pós-burocrático.
O inimigo comum adotado por vários países é o modelo burocrático weberiano, mas cada nação adotou caminhos diferentes para “atacar este inimigo” e o resultado é que não se encontra um paradigma global a respeito, mas sim um pluralismo organizacional.
Origens da crise do modelo burocrático: a redefinição do papel do Estado. Na década de 70, com a crise do petróleo e a crise econômica mundial, o modelo de intervenção estatal entrou em xeque e tornou-se necessário redefinir o papel do Estado, que até então apresentava três dimensões interligadas: econômica (keynesiana – ativa intervenção estatal na economia), social (welfare state) e administrativa (funcionamento interno do estado – modelo burocrático weberiano). Quatro fatores sócio-econômicos contribuíram para detonar a crise do Estado montado no pós-guerra: (i) crise econômica mundial; (ii) crise fiscal – governos não tinham mais como financiar seus déficits. O consenso social que sustentava o welfare state entrou em xeque; (iii) situação de ingovernabilidade – governos não conseguiam resolver seus problemas e atender aos interesses de vários grupos; (iv) globalização e inovações tecnológicas, que enfraqueceram os governos no que diz respeito ao controle de fluxos financeiros e comerciais, somado com o aumento de poder das