Os Andes meridionais e a questão da identidade
Introdução
Ricardo Cavalcanti-Schiel analisa em seu texto a etno-historiografia dos Andes Meridionais. Focando na produção de historiadores, arqueólogos e etnólogos, o autor faz uma síntese dos principais caminhos tomados pela produção de estudos sobre a região. Mais adiante, ele dialoga de modo mais profundo com os trabalhos de John Murra, especificamente no que diz respeito à formulação de conceitos que tratam de um modelo estrutural de organização social das populações da região andina meridional. O principal ponto de debate estabelecido pelo autor é justamente em relação a esses conceitos. O que Murra apresenta como verticalização do modelo de “arquipélagos” de “ilhas” produtivas é relativizado por Cavalcanti-Schiel, que prefere horizontalizar esse modelo no intuito de obter melhores resultados nas análises sobre a multietnicidade da região.
Inicialmente, a pergunta-problema na análise do texto buscaria apreender a ideia de rearranjo na visão do autor. No entanto, conforme sugerido pelo professor, a questão se desloca da ideia de rearranjo para a de identidade. A mudança de pergunta também se justifica pois, ao reavaliar os possíveis objetivos da análise, considerei que a questão da identidade permite que se explore mais o pensamento do autor exposto no texto, fornecendo mais aproximações com a multietnicidade do que a questão do rearranjo possibilitaria.
As primeiras abordagens
Certa vez o antropólogo Juan Martín Ossio perguntou se de fato existiam populações andinas indígenas no Peru, enquanto portadoras de alteridade de sentido,