Origens da razão
No filme Os Falsários1 (Fälscher, Die, 2007), Salomon Sorowitsch, conhecido como Sally (Karl Markovics) vive um famoso falsário judeu, na Alemanha nazista, que é preso e levado para um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Lá, ele e mais um grupo de especialistas em tipografia são separados e levados para uma prisão isolada e recebem “regalias” e alimentação diferenciada. Os nazistas planejavam utilizar as habilidades artísticas de Sally em produzir falsificações para inundar o mercado inglês com milhões de notas falsas de libras esterlinas e, na seqüência, com dólares falsos, fazer o mesmo nos EUA. No entanto, o judeu-russo, Adolf Burger (August Diehl), especialista em impressão gráfica, recusa-se a ajudar os nazistas a ganharem a guerra. Utilizando-se dos seus conhecimentos, na época valiosos, consegue retardar os resultados perfeitos da impressão das notas falsas de dólares, o que possibilitou ganho de tempo à espera da chegada do Exército Vermelho e dos aliados, que invadiram Berlim, na Alemanha, derrotando o exército nazista.
A ficção baseada em fatos reais demonstra o quão importante tornou-se a prensa e a tipografia no desenrolar do mundo moderno, abrindo espaços para o aparecimento mais adiante da imprensa e de todos os seus derivados, a mídia. Se durante a Segunda Guerra o domínio das técnicas de manuseio e operação das impressoras conferia poder aos gráficos e aos impressos de maneira geral, também consolidava a posição dos donos das impressoras, especialmente os donos de jornais e editoras, os empresários. No caso do filme, eram os nazistas os donos dos meios de produção, as máquinas impressoras, que pertenciam ao Estado alemão.
Na verdade, tudo isso começa a surgir por volta de cinco séculos antes, aproximadamente em 1450. Um dos melhores frutos do que os iluministas denominavam de abandono da Idade das Trevas2 e surgimento da Era das Luzes, o Iluminismo.
Johannes Gutemberg talvez não imaginasse que o