Origem
A religião é uma das mais antigas práticas culturais da humanidade, tendo aparecido no período do Paleolítico Superior, há aproximadamente 50.000 anos. Todavia, nossa espécie, homo sapiens, não foi a única a se dedicar a práticas cujo fim era chamar a atenção de entidades superiores. Escavações revelaram que os Neandertais, outra espécie de hominídeo, mais antiga que a nossa, dedicavam especial atenção aos seus mortos. Alguns aspectos destas descobertas ainda não estão esclarecidos, mas tudo indica que este cuidado com os mortos demonstra alguma crença em uma sobrevivência individual após a morte. O interessante neste fato é que a crença em uma sobrevivência, em um rudimento de pensamento metafísico, não é exclusividade dos humanos sapiens.
Antropólogos culturais e etnólogos são de opinião de que originalmente a religião consistia em práticas mágicas, visando aplacar as forças aterradoras da natureza, dos espíritos dos mortos ou criar vínculos mágicos com os animais caçados pela tribo, de maneira semelhante ao que ainda hoje é praticado por algumas tribos indígenas. As pinturas rupestres da França e Espanha, datando de cerca de 30.000 a 14.000 anos a.C. parecem representar aspectos deste relacionamento mágico-religioso que nossos antepassados tinham com a natureza. Ainda no final do Paleolítico surgem os cultos da fertilidade, cujas deusas, de formas voluptuosas, foram representadas em diversas estatuetas esculpidas em ossos de urso e rena.
A partir do período Neolítico, há cerca de 8.000 anos, quando em determinadas regiões (Oriente Médio, noroeste da Índia e sul da China) começa a ser praticada regularmente a agricultura, surgem as religiões organizadas. Estas já haviam evoluído para uma organização permanente, dispondo de um corpo sacerdotal, ritos estabelecidos, local de culto fixo e organização eminentemente patriarcal. Don Cupitt, filósofo inglês contemporâneo, escreve que “...as antigas mitologias acertam ao dizer que os deuses