Ordem e Limpeza no Canteiro de Obras
O medo do abandono do namorado (a), marido (esposa) e companheiro (a) após o relato é o que mais reforça o silêncio entre os casais, afirma o diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, David Uip, um dos maiores especialistas brasileiros no assunto. O perigo, reforça ele, é que mesmo quando sabem do diagnóstico, as relações sexuais entre ambos continuam sendo mantidas sem proteção, postura adotada tanto por pacientes de hospitais públicos quanto pelos que freqüentam as clínicas privadas.
A maioria das mulheres que hoje entra para as estatísticas de aids tem escolaridade baixa, não tem renda própria o que acaba reforçando a posição de submissão em várias áreas da vida, inclusive na negociação do preservativo”, afirma Renata.
Segundo os ginecologistas que atendem estas mulheres, o segredo dificulta a adesão ao tratamento para que o HIV – que exige mais visitas aos médicos e mais medicamentos ingeridos – não seja transmitido ao bebê durante a gestação. O resultado é que o Brasil ainda tem em seus boletins clínicos 1% de transmissão vertical, ou seja, 1% de crianças que já nascem contaminadas pelo vírus da aids (quase 5.000 por ano).
A avaliação dos especialistas é que, apesar de os dois gêneros enfrentarem dificuldades para falar sobre a doença são as mulheres as que mais acabam revelando a verdade sobre a doença, justamente por serem mais suscetíveis às pressões de manter um segredo tão dolorido. Não dividir o diagnóstico com o parceiro é deixar boa parte da vida na “clandestinidade”. É ter de disfarçar os muitos remédios necessários para controlar a doença em vidros de outros