Oral Hist
ACADÊMICO: Welinton Luiz Giovanoni
CURSO: História/Licenciatura
SÉRIE: 1º Ano
PROFESSOR (A): Zuleide Matulle
DATA: 26/09/2014
ANÁLISE DO FILME “NARRADORES DE JAVÉ”
O filme retrata o povoado fictício de Javé, que está prestes a ser inundado para a construção de uma hidrelétrica. Para reverter essa situação, os moradores resolvem escrever sua história e tentam transformar o local em patrimônio histórico a ser preservado. O único adulto alfabetizado de Javé, Antônio Biá é o incumbido de recuperar a história e escrevê-la de uma maneira mais “cientifica”.
Ironicamente, Biá, que havia sido expulso do vilarejo por inventar mentiras escritas sobre os moradores, é o escolhido para escrever o "livro da salvação". O artifício de inventar fatos locais já era usado pelo personagem para aumentar a circulação de cartas, escassas no povoado, e manter em funcionamento a agência de correio onde ele trabalhava. Escrever a história de Javé e salvá-la do afogamento é sua chance de se redimir. É justamente a capacidade de Biá de aumentar as histórias que traz à tona o papel do historiador interferindo na história, reunindo relatos, selecionando-os, conectando-os de forma compreensível.
No primeiro relato, Biá brinca: "uma coisa é o fato acontecido, outra é o fato escrito". Esse pequeno conjunto de elementos já é suficiente para apontar a isenção e a imparcialidade impossíveis à História e ao historiador. O filme se desenrola com a difícil tarefa para Biá: reunir uma história a partir de cinco versões diferentes - uma multiplicidade de fragmentos, memórias incompatíveis entre si. O personagem se vê entre essa impossibilidade e um futuro/progresso destruidor e irremediável.
Nas várias versões os heróis são alterados conforme o narrador. Assim, na versão relatada por uma mulher do povoado, a grande heroína entre os fundadores de Javé é Maria Dina. Na versão de um morador negro, o herói principal também é negro e chama-se Indalêo. Assim, ao