Orador
As relações de trabalho constituem a particular forma de relacionamento que se verifica entre os agentes sociais que ocupam papéis opostos e complementares no processo de produção econômica: os trabalhadores, que detêm a força de trabalho capaz de transformar matérias-primas em objetos socialmente úteis, adicionando-lhes valor de uso; e os empregadores, que detêm meios para realizar esse processo. Elas são originadas pelas particularidades das relações sociais, econômicas e políticas da sociedade abrangente. As relações do trabalho são uma das formas de relacionamento social e, por isso, expressam característica da sociedade mais ampla.
1 Instância do político na análise das relações do trabalho:
Os estudos historiográficos sobre o tema do trabalho contribuíram muito para a reconstituição do diálogo necessário entre o factual-institucional e o real interpretado. Sem que se negue o salto qualitativo propiciado pelas análises do trabalhismo que desbravaram esta linha do conhecimento das formas históricas concretas, é preciso ressaltas que o Estado mesmo quando tentou, não conseguiu construir uma identidade societária, isto é, não eliminou os conflitos quando normatizou as leis; não conseguiu açambarcar todo espaço social disponível porque não é, nem nunca será o único sujeito da história.
A própria historiografia que registra e interpreta as mudanças que se verificam nas relações sociais, mesmo privilegiando os registros oficiais e os discursos institucionais, que deslocam o político exclusivamente para o âmbito do Estado, acaba por revelar a existência dos outros espaços políticos, como o das experiências comuns e do reconhecimento mútuo que os trabalhadores vivenciam e cada uma das pequenas e constantes lutas diárias, as quais culminam por lhes propiciar a percepção do corpo coletivo e real que constituem