Opiário de Álvaro de Campos
A primeira fase de Álvaro de Campos designa-se por Decadentismo, e carateriza-se pelas seguintes características:
- Exprime o tédio, o enfado, o cansaço, a náusea, o abatimento e a necessidade de novas sensações;
- Traduz a falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia; - Marcado pelo romantismo e simbolismo (símbolos e imagens);
- Procura de sensações novas;
- Busca de evasão.
“Opiário”
O poema “opiário” de Álvaro de Campos é composto por nove quadras.
Apresenta uma métrica irregular, e a rima é interpolada e emparelhada.
O título chama a atenção, pois “opiário” vem de ópio que é uma substância extraída da papoila, usada na produção de morfina, heroína etc.
Fig. 1 • “Papaver rhoeas”
Análise do poema
É antes do ópio que a minh'alma é doente. (metáfora)
Sentir a vida convalesce* e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente. (trocadilho)
Ele vai buscar ao Oriente algo que o Oriente. (espaço irreal)
* Convalesce - Melhorar
Análise do poema (continuação)
Esta vida de bordo há-de matar-me. (hipérbole e metáfora)
São dias só de febre na cabeça
E, por mais que procure até que adoeça, já não encontro a mola pra adaptar-me.
O
eu-poético
desiludido,
demonstra-se
amargurado
insatisfeito com a vida que tem.
(...)
É por um mecanismo de desastres, (metáfora)
Uma engrenagem com volantes falsos,
Que passo entre visões de cadafalsos
Num jardim onde há flores no ar, sem hastes. (metáfora)
e
Análise do poema (continuação)
Eu, que fui sempre um mau estudante, agora
Não faço mais que ver o navio ir
Pelo canal de Suez a conduzir
A minha vida, cânfora na aurora.
(metáfora)
Não faz mais do que ver a vida a passar.
Perdi os dias que já aproveitara. (antítese)
Trabalhei para ter só o cansaço
Que é hoje em mim uma espécie de braço
Que ao meu pescoço me sufoca e ampara. (antítese)
Análise do poema