A INFLUÊNCIA DO DECADENTISMO NO POEMA ORPHÍSTICO "OPIÁRIO" DE ALVARO DE CAMPO

O Modernismo português teve seu início em um momento político e social bastante delicado: no fim do século XIX, o ultimatum britânico ocasionou o enfraquecimento e, já no início do século XX, a queda da Monarquia. A proclamação da República, por sua vez, pouco contribuiu para a solução dos problemas do país, envolto pelo atraso e a estagnação social.
Cria-se desta forma um cenário de decadência da nação portuguesa, chamado hoje de DECADENTISMO, marcado por jogos de interesses e pelo descaso sociocultural, que atingia não só a situação do país como o próprio indivíduo, que estava sujeito a uma ordem social completamente estagnada, em que a cultura não era estimulada pelo governo.
A sociedade portuguesa vivia uma situação de crise aguda e de desagregação de valores, em que o sentimento de nacionalismo estava bastante prejudicado. Tal sentimento de desvalorização e decadência que moveu os poetas da geração Orpheu, fica claramente ilustrado nos poemas publicados nas duas edições da revista, que surge justamente para denunciar esta situação e motivar e inspirar o renascimento do país, agindo não apenas como veículo de manifestação literária, mas também como meio de intervenção na cultura e na história de Portugal. A estética Decadentista caracteriza-se pela busca de uma inovação estilística, pela forte presença da morbidez e pelas sensações levadas ao extremo. Trata-se de uma poesia “elevada” e completamente fora dos padrões de arte burgueses (vindo, inclusive, para contrapô-los. A primeira edição da revista Orpheu é especialmente marcada por essa Decadência, que, na segunda edição, começa a dar lugar ao Futurismo. Um importante exemplo de poema desta primeira fase foi Opiário, de Álvaro de Campos, dedicado “Ao senhor Mário de Sá Carneiro” que ilustrará, neste ensaio, as principais características decadentistas .
Em Opiário, o sujeito-poético demonstra-se doente e inadaptado à vida. Como forma de fuga desta realidade tediosa e enfadonha vem a recorrer ao