ONTOLOGIA
1.1. QUEM ERA, REALMENTE, HEGEL?
Georg Wilhem Friedrich Hegel, nascido em 1770 em Stuttgart e morto em Berlim, em 1831, é considerado o último grande platônico da história da filosofia, e o representante mais significativo da reflexão ontológica moderna. Com Hegel o Absoluto tornou-se histórico e habita entre nós, numa história cujo conceito se desenvolve pacientemente, na tensão entre a finitude e a infinitude da consciência no seu curso histórico ao Absoluto. Foi, igualmente, o último dos grandes filósofos a propor um sistema filosófico no Ocidente, a declarar abertamente que Wahrheit, Verdade é o Todo. Sua influência, embora ofuscada no século XX por um hegeliano de esquerda, Karl Marx (1818-1883), e pelos desvios do pensamento contemporâneo em relação ao legado filosófico, foi, e continua a sê- lo, muito maior do que supõem muitos que vivem nos dias de hoje.
Sua filosofia é uma das mais ricas e complexas da tradição filosófica, porquanto recolhe toda a tradição anterior, e, por isso mesmo, das mais difíceis de ser abordada e compreendida, pois
Hegel procura e se lança a expressar o que mal pode ser expresso em palavras.
Por este motivo, é comum compará-lo a um filósofo da
Antiguidade, muito estimado por ele, Heráclito de Éfeso, que ficou conhecido pela posteridade como ―o obscuro‖. Não é incomum denominarem a Hegel, como mesma alcunha atribuída a Heráclito, ―o obscuro‖, indicando com isso os cuidados e dificuldades que devemos tomar ao abordar a sua filosofia sistemática, que não aceita cortes
(análise), pois só pode ser compreendida levando-se em consideração o Sistema como um todo. Como disse certa vez Eric
Weil (1991, p. 125) sobre a escrita de Hegel: ―eis um escrito que não se lerá agradavelmente, que exigirá a maior atenção, a mais alta tensão do espírito.‖
Não é nosso interesse aqui apresentar todos os problemas suscitados pela filosofia de Hegel. Ao contrário,