ONDE A CRÍTICA COMEÇA
A década de 60 foi de grandes agitações e transformações. Os movimentos de independência das antigas colônias europeias; os protestos estudantis na França e em vários outros países; a continuação do movimento dos direitos civis nos Estados Unidos; os protestos contra a guerra do Vietnã; os movimentos de contracultura; o movimento feminista; a liberação sexual; as lutas contra a ditadura militar no Brasil. E foram nesta década que surgiram livros, ensaios, teorizações que colocavam em xeque o pensamento e a estrutura educacional tradicional. As teorias tradicionais se concentravam, pois, nas formas de organização e elaboração do currículo. Os modelos tradicionais de currículo restringiam-se à atividade técnica de como fazer o currículo. As teorias criticas sobre o currículo, em contraste, começam por colocar em questão precisamente os pressupostos dos presentes arranjos sociais e educacionais. As teorias criticas desconfiam do status quo, responsabilizando–o pelas desigualdades e injustiças sociais. As teorias tradicionais eram teorias de aceitação, ajuste e adaptação. As teorias críticas são teorias de desconfiança, questionamento e transformação radical. Para as teorias críticas o importante não é desenvolver técnicas de como fazer o currículo, mas desenvolver conceitos que nos permitam compreender o que o currículo faz. O famoso ensaio do filósofo francês Louis Althusser, A ideologia e os aparelhos ideológicos de Estado, forneceram as bases para as críticas marxistas da educação que se seguiriam. Althusser nesse ensaio fez a importante conexão entre educação e ideologia que seria centrais às subsequentes teorizações critica da educação e do currículo baseadas na análise marxista da sociedade. O argumento de Althusser refere-se à permanência da sociedade capitalista que depende da reprodução de seus componentes propriamente econômicos (força de trabalho, meios de produção) e da reprodução