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Quito, Equador (Foto: )
Sumakkawsay é uma expressão dos índios aymaras, dos Andes; significa “bem viver” ou “vida em plenitude”.
Nos conceitos cristão e indígena, essa vida plena nada tem a ver com riqueza e acúmulo de bens materiais. Antes, encerra uma proposta de felicidade, de um bem-estar espiritual respaldado por condições dignas de existência.
Participei, em Quito, de seminário em torno do tema Sumakkawsay. Em seguida, fui a Cochabamba para um evento internacional sobre ecologia, que retomou o paradigma de uma vida que considera necessário o suficiente. E em Havana, no colóquio internacional “José Martí: por uma cultura da natureza”, tive oportunidade dereaprofundar o tema.
Nosso atual modelo hegemônico de sociedade, baseado no consumismo e na acumulação do lucro, encontra-se em crise. De cada três habitantes do planeta, dois vivem entre a pobreza e a miséria. Todas as formas de vida estão ameaçadas pela degradação ambiental. Apesar disso, mais de 6 mil culturas e 500 milhões de pessoas resistem à modernidade neocolonialista que o paradigma anglossaxônicoinsiste em nos impor.
O Fórum Social Mundial cunhou a utopia de “um outro mundo possível”. Ora, melhor falar em “outros mundos possíveis”, abertos à pluralidade de etnias e culturas. O que nos exige uma atitude iconoclasta, de derrubar os mitos da modernidade capitalista, como mercado, desenvolvimento e Estado uninacional, fundados na razão instrumental.
Ao questionar as lógicas mercantilistas, desenvolvimentistas e consumistas, contribuímos para desmercantilizar a vida. Sabemos todos que, em nome do deus Mercado, água, florestas, mares e demais bens da Terra, deixam de ter valor de uso para ter apenas valor de troca. Até as relaçõespessoais são sempre mais mercantilizadas.
“Vida em plenitude” nos exige resgatar a sabedoria dos povos originários, numa atitude relacional e dialógica com a natureza e os semelhantes. Abaixo a cultura do shopping, do