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O consumo está perdendo fôlego e ainda não há sinal de forte recuperação. A inflação alta esperada para o mês de janeiro vai corroer mais um pedaço da renda neste início de 2015. Quem olha a série histórica vê, no entanto, que o setor que segurou a economia nos últimos anos já vinha diminuindo a potência há mais tempo. O varejo ampliado está em retração em 12 meses, e o momento é de cautela entre as empresas.
O IBGE divulga amanhã os dados do comércio de novembro, e a expectativa é de alta mensal, mas isso não muda a tendência. A análise mais ampla mostra que a forte aposta feita no consumo provocou, ao fim do período, o efeito contrário. O consultor Enéas Pestana, ex-CEO do grupo Pão de Açúcar e que montou a própria consultoria, a Enéas Pestana & Associados, explica que o apoio ao setor automobilístico acabou sendo nocivo ao varejo. A inadimplência na carteira automotiva provocou queda nas concessões de empréstimos, e a renda comprometida com a prestação do carro restringiu a venda de outros produtos.
— O crédito exagerado para o setor automotivo gerou inadimplência. Isso provocou insegurança nos bancos, que se espalhou para outras modalidades. Os bancos ficaram mais restritivos com todos, o que contaminou o setor varejista — disse Pestana.
Essa cautela dos bancos, pelo menos, já fez cair a inadimplência automotiva, que está no patamar mais baixo dos últimos anos, e a Anfavea, associação das montadoras, aposta na nova legislação de retomada de veículos com atrasos nos pagamentos para destravar o crédito. Ainda assim, 2015 não deve ter alta nas vendas.
A aposta no consumo funcionou por um tempo e depois deu o efeito rebote. A nova equipe econômica herda uma inflação alta, que ficará maior pela necessidade de ajustes de preços represados. A perda de fôlego do consumo é um motor a menos para a economia voltar a crescer. As projeções para o PIB deste ano, pelo mercado, estão em 0,4%.
Muita gente alertava que estimular o consumo teria