Oito Mitos da Politica Macroeconomica Brasileira
BRASILEIRA
Fernando J. Cardim de Carvalho, Professor Titular do IE/UFRJ
O Presidente Lula teria declarado há poucos dias que bravatas são próprias da retórica de políticos de oposição. Governos, porém, teriam de ser responsáveis e, por isso, sua política econômica estaria reproduzindo todos os aspectos essenciais da política do governo
Cardoso. Com este (em muitos aspectos) surpreendente discurso, o presidente estaria propagando um dos muitos mitos que tem impedido o debate sério das alternativas de política econômica. Dentre estes mitos, oito chamam a atenção pela sua recorrência.
1. Só existe uma política macroeconômica possível, a que está sendo implementada.
Alimenta-se este mito descrevendo a política empregada pelos seus objetivos, e não pelos seus instrumentos. Ora, quem seria a favor da inflação elevada ou da irresponsabilidade fiscal? A crítica da política econômica se volta para os instrumentos usados, não para os objetivos. Políticas fiscais e monetárias contracionistas impedem o crescimento, aumentam o desemprego e não diminuem a vulnerabilidade externa, raiz dos problemas atuais da economia, inclusive a pressão inflacionária de 2002. São outros instrumentos que devem ser buscados.
2. A estratégia adotada só não funcionou por causa externa. A política econômica de
Cardoso, que prossegue, radicalizada, no governo Lula, é correta. Os resultados medíocres obtidos (estagnação, desemprego, e, ao final, até mesmo a ressurreição da inflação) deveram-se às turbulências externas. Este argumento é uma confissão prévia de falência. A economia internacional é turbulenta pelo menos desde o fim dos anos 1960 e permanecerá assim. Se é assim, porque persistir em políticas cujo sucesso (!) pode ser desfeito pela instabilidade da economia internacional? A questão não é se o mundo é turbulento, a questão é porque não diminuímos nossa exposição a este risco.
3. Só os radicais se opõem à