oficina linguá portuguesa
Em uma época na qual a Psicopatologia tem se tornado cada vez mais superficial e sem nuances, o desafio do seu ensino, particularmente do seu ensino prático, se impõe a todos aqueles que consideram que seu intento não se resume a oferecer uma descrição objetiva dos sinais e sintomas, desempenhada por uma espécie de “observador” ideal, universal, livre decompromissos teóricos e isento de juízos de valor. Sendo assim, acaba se limitando por oferecer listas de sintomas tomados em seu valor de face, compondo mosaicos planos e sem gestalt, dos quais qualquer incidência da subjetividade do doente é completamente erradicada.
Pressupostos éticos e conceituais
O desafio do ensino da Psicopatologia em outros moldes torna-se ainda mais agudo diante da pouca disponibilidade de material didático que vá além do previsível.
...iluminar primariamente a qualidade das experiências subjetivas, seus significados pessoais e o padrão pelo qual elas estão situadas como partes de totalidades significativas (...) principalmente concernida com a corporificação e a intersubjetividade. Stanghellini (2004, p.9): nterface - Comunic, Saúde, Educ, v.11, n.22, p.207-22, mai/ago 2007
A abordagem descritiva encontra logo os seus limites quando se trata de ter acesso à experiência subjetiva – ao pathos – daqueles que temos sob os nossos cuidados. Queremos ensinar uma Psicopatologia que não descarte a subjetividade, mas, em vez disso, faça desta o seu interesse primeiro. Não no sentido de um enclausuramento solipsista, mas, pelo contrário, revelando a sua relação indissolúvel com a alteridade e o mundo no qual se enraíza. Essa subjetividade, por sua vez, não é tomada como uma substância etérea, não material, mas sim como primordialmente corporificada. Não temos a ambição ingênua e equivocada de pretender fazer da Psicopatologia uma teoria geral da subjetividade. Buscamos apenas proporcionar aos nossos alunos um entendimento acerca