Oficina de Quadrilha Junina
Não me convidaram, prá esta festa pobre
Que os homens armaram prá me convencer
A pagar sem ver toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer…
Não me ofereceram nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha…
Brasil! Mostra tua cara Quero ver quem paga prá gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim…
Não me convidaram, prá esta festa pobre
Que os homens armaram prá me convencer
A pagar sem ver toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer…
Não me sortearam a garota do Fantástico
Não me subornaram! Será que é o meu fim?
Ver TV a cores na taba de um índio
Programada prá só dizer "sim, sim"
Brasil! Mostra tua cara Quero ver quem paga prá gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim…
Grande pátria, desimportante
Em nenhum instante eu vou te trair
Não, não vou te trair…
Brasil! Mostra tua cara Quero ver quem paga prá gente ficar assim
Brasil!
Qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim…
Confia em mim
Brasil!!
Autor Cazuza
A música Brasil foi composta exatamente no período de transição da ditadura para o regime democrático, com a eleição do presidente Tancredo Neves pela via indireta. Como Cazuza era contra o colégio eleitoral, ele faz uma crítica ao congresso e à mídia, que dava sustentação e legalidade àquele processo de “cala boca” ao povo, já que este não teve nenhuma participação na escolha do presidente. A “festa pobre” a que ele se refere é aquilo que a mídia batizou de “festa da democracia”, ou melhor, à eleição que aconteceu com o povo pedindo “Diretas já!”.