Odisseia

A história passou há alguns milhares de anos, século a século, os homens têm ouvido e repetido sem nunca se cansaram. E se os heróis e a sua gente de quem nela se fala morreram nem se sabe quando, ou, mesmo, se jamais existiram, lugares, as praias, as montanhas, os portos, as ilhas e o mar de que se fala aqui, hoje os podemos ainda visitar e percorrer, embora quase sempre outros nomes os indiquem à nossa atenção.
É esta a história de Ulisses, do homem de mil façanhas e ardis, do herói que, depois do cerco, tomada e incêndio de Tróia, cidade célebre da Ásia Menor, - visitou as cidades mais diversas, conheceu gentes estranhas e enfeitiçou a alma de povos distantes. Também consta a saudade de seus homens e até dele de suas famílias, para casa! Para mulheres que eles não viam há dez anos, para filhos que tinham passado de meninos a homens feitos, para filhas que tinham deixado de ser bebês para se tornar belas jovens, para fazendas que permaneceram descuidadas e incultas por dez verões abrasadores. Umas poucas remadas e eles estariam em casa _ todos aqueles homens que tinham respondido ao chamado da guerra, convocados em cada ilha e cada praias daquele oceano circulas. Num frágil navio, errou sobre as ondas incertas, cheio de angústia, transido de aflição, perseguido por monstros cruéis, abandonado de socorros. Tudo venceu, pois tinha muita inteligência, do trabalho, da audácia e, sobretudo, da sua clara razão. Companheiros que levou junto na viagem arriscada, morreram pelo caminho. Mas Ulisses resistiu aos piores perigos e aos maiores sofrimentos E as suas aventuras foram tão surpreendentes, e a sua coragem tão excepcional se mostrou, que o tornaram imortal na memória das gerações.