Observações sobre o "Ramo de Ouro" de James Frazer
Ludwig Wittgenstein
Tradução e Notas Comentadas
João José R. L. Almeida
Prefácio
O conjunto de reflexões filosóficas conhecidas como Observações sobre
"O Ramo de Ouro" de Frazer reúne as variações do pensamento de Wittgenstein em torno da obra do influente antropólogo inglês do começo do século XX. Elas se encontram nos seus manuscritos e textos datilografados misturadas no meio de muitos outros temas de natureza diversa. Isto é, as conclusões evolucionistas de Sir James Frazer sobre a magia e a religião são questionadas pelo filósofo entremeadas pelo tratamento de outras matérias que lhe interessaram, tais como linguagem, matemática, lógica, psicologia, literatura, música, arquitetura etc.
Conquanto se possa, nesses textos, separar claramente os temas entre si, como tradicionalmente tem sido feito na publicação do seu legado literário, não se pode denegar, por outro lado, que eles se atravessam continuamente em inúmeros e múltiplos pontos. O que se entrega ao público, portanto, é um recorte cujo contexto deve ser considerado com cuidado, um conjunto cuja paisagem original deve ser sempre levada em conta, cuja proposição reclama incessantemente um segundo olhar para o solo originário. O espírito é exatamente aquele que evoca um dos enunciados do texto: "Eu tenho que mergulhar repetidamente na água da dúvida" (p. 192). Um efeito que se vê enormemente facilitado pelo estilo entrecruzado e iterativo das suas observações filosóficas. Em decorrência desse cuidado, que, na verdade, é o cuidado terapêutico próprio da filosofia de Wittgenstein, resolvi tomar algumas decisões. Em primeiro lugar, possibilitar ao leitor a oportunidade de ter em mãos um texto bilíngue: os parágrafos em português são acompanhados dos seus correspondentes em alemão, para uma consulta mais rápida e eficiente daqueles leitores que conseguem, pelo menos em nível básico, ler no idioma original. Em segundo lugar, a fim de orientar uma pesquisa