Observação Flutuante: o exemplo de um cemitério parisiense. * O método de “observação flutuante” consiste em permanecer disponível, em não mobilizar a atenção sobre um objeto preciso. * O poder revelador as outras sociedades tende a lançar sobre a nossa um olhar diferente daquele da racionalidade. * A cidade é desde sempre o lugar de todas as misturas, do movimento incessante, da circulação incontrolável dos homens e das coisas, da pluralidade, em suma. * Estudar diversos meios – profissionais, religiosos, estrangeiros...- é certamente uma das maneiras mais seguras de não se arriscar, quer dizer, de permanecer fiel ao processo etnológico. E se preferirmos começar uma enquete pelo conhecimento íntimo do templo que reúne pessoas diversas, o resultado, obtido será similar. * O espaço urbano pertence a todo mundo. Andar pela rua sem cumprimentar ninguém, atravessar incógnito a multidão, tais são os direitos dos citadinos. A cidade é liberdade. * “observação flutuante” consiste em permanecer vago e disponível em toda a circunstância, em não mobilizar a atenção sobre um objeto preciso, mas em deixa-la “flutuar” de modo que as informações o penetrem sem filtro, sem a priori, até o momento em que pontos de referência, de convergência, apareçam e nós chegamos, então, a descobrir as regras subjacentes. * Uma simples olhadela é suficiente para ver que esse cemitério serve de jardim público, embora não encontremos vendedores de balões ou guloseimas nem crianças brincando sozinhas. * O pesquisador meditou sobre a arquitetura funerária, decifrou os epitáfios, leu os símbolos maçônicos, entre outros, apreciou as esculturas, se deixando levar pelo charme do cemitério. * O que aqui está sendo abordado pertence às culturas populares, que se tornaram uma de nossas preocupações e das quais mostramos anteriormente que não dissocia o efetivo do saber. * O pesquisador não tem, então, mais do que uma ideia: reencontrar o pequeno padre. Mas em sua