OBRAS DE TARSILA
Pode ser avaliado como uma obra no limiar entre o exótico e o mágico que transpiram maravilhosamente por toda a pintura de Tarsila. Em meio a uma paisagem campestre simbólica - cactos, árvores e tufos, em pequenos núcleos de vegetação sinteticamente realizados - um pequeno e emblemático lago azul ao centro da composição é circundado por bichos fantásticos ou reais, como o sapo, uma taturana gigantesca, um tatu-pássaro e uma grande personagem amarela, invenção pura para a qual se voltam atentamente todos os demais. (AMARAL, 1997, p. 28-29).
A CUCA
Em Manacá a paisagem de Tarsila surge completamente domesticada, num arranjo próprio de mãos humanas, as figuras em segundo plano, com a gradação de cores para acentuar o volume fazendo referência a ovos gigantes, simbolizam algo que está para existir, numa analogia a fecundidade e a criação, e os cactos presentes mais uma vez, estilizados, em formato de caule e galhos.
MANACÁ
As paisagens de 1928 caracterizam o período onde as obras passam a ter uma aparência monumental, ao mesmo tempo em que a projeção do inconsciente se revela mais intensa e o dado real permanece apenas como referência, como em nos trabalhos O Lago, de 1928 [Fig. 43], que se aproxima do fantástico. Apesar dessa aproximação, O Lago faz uma referência a sua fase anterior principalmente pela paleta de cores. Nele, a pintura antropofágica de Tarsila é marcada por silêncio noturno - 'a noite chega mansinho' - 'a insônia da selva'
O LAGO
Em 1929 Tarsila retoma mais uma vez a temas anteriores desenvolvidos em suas paisagens, o mesmos tons dominantes de Manacá (1927) retornam em Floresta, de 1929 [ Fig. 49] e conotação telúrica/fálica, também perceptível