Obras barrocas
Cresce o desejo, falta o sofrimento,
Sofrendo morro, morro desejando,
Por uma, e outra parte estou penando
Sem poder dar alívio a meu tormento.
Se quero declarar meu pensamento,
Está-me um gesto grave acobardando,
E tenho por melhor morrer calando,
Que fiar-me de um néscio atrevimento.
Quem pretende alcançar, espera, e cala,
Porque quem temerário se abalança,
Muitas vezes o amor o desiguala.
Pois se aquele, que espera se alcança,
Quero ter por melhor morrer sem fala,
Que falando, perder toda esperança.
Análise do poema: A segunda impaciência do poeta
O poema apresenta uma grande contradição, característica geral do barroco. Na época em que Gregório viveu, a igreja tinha uma grande influencia na vida das pessoas, declarando assim, que praticamente tudo era pecado. O hábito da igreja na época, era impor palavras que de certa forma, provocasse medo nas pessoas. Na ultima estrofe, ele cita a importância de ficar calado, por que quem fala demais pode perder a esperança.
Gregório se sente revoltado por ter que se manter calado e não poder manifestar seu pensamento. Ao mesmo tempo se sente impaciente com a situação, pois em primeiro momento ele gostaria de falar tudo o que sentia, de falar o que pensava, mas precisava se manter em silêncio como segunda opção, pois poderia sofrer perseguições religiosas,o que na verdade, já havia acontecido, mas ele já cansado, começou optar pela segunda opção de calar-se (por isso o título A segunda impaciência do poeta).
Em geral, nas estrofes ele declara que seu desejo era expor seus pensamentos. Manter-se calado já era sofrimento para ele, mas ele não poderia aliviar esse seu tormento, pois temia as conseqüências que poderia sofrer em relação a igreja, que poderia persegui-lo considerando suas palavras indecentes, apontando ele como pecador.