Obesidade
Gordos são rejeitados no mercado de trabalho e vetados em concursos públicos, num tipo de discriminação que cresce na mesma velocidade que os índices de obesidade
Patrícia Diguê
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Durante três anos, a fisioterapeuta paulistana Bruna Luiza dos Santos, 27 anos, peregrinou atrás de um emprego depois de graduada, sem sucesso. Ela não se encaixava no perfil das empresas. Uma situação aparentemente corriqueira entre recém-formados, mas nem tanto para Bruna. No caso dela, a palavra “perfil” poderia ser substituída por “silhueta”. Apesar de apresentar todas as qualificações para as vagas, ela tinha quase 90 quilos, uma barreira que impedia os recrutadores de enxergar suas qualidades profissionais. Em depressão, descontava na comida. Só quando atingiu os 116 quilos resolveu dar um basta e apelou para uma solução radical: a cirurgia bariátrica (de redução do estômago). “Não via saída, tive de me reconstruir”, conta.
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“O mundo diz que, para ser professora, você tem que estudar bastante, e agora dizem que eu não posso assumir o cargo por causa do padrão de beleza”
Lídia de Souza
Bruna precisou se render aos padrões para ser novamente inserida na sociedade e não sofrer todos os dias de um dos mais fortes preconceitos do mundo moderno, contra quem está muito acima do peso. “Nossa época elegeu o obeso como o novo monstro. Ninguém fala que não gosta de gordos, mas os tratam com repugnância”, afirma a professora de história do corpo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Denise Santana. “Há uma espécie de cordão sanitário nas empresas, escolas e ruas contra quem é obeso”, acrescenta a historiadora, que está escrevendo o livro “Uma História de Peso – Gordos e Magros ao Longo de um Século” (Editora Estação Liberdade), com previsão de lançamento para o início de 2012.
“Agora, as pessoas abrem espaço para eu entrar no ônibus”, comenta Bruna Luiza, que hoje tem 60 quilos e o emprego que sonhou. Depois