Nr 18
Em 2005, quando se comemora os 10 anos de revisão da norma, a construção civil faz um balanço das alterações que mudaram imagem do setor em relação à segurança e saúde no trabalho
“...Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.”
Os versos acima fazem parte da música Construção, de Chico Buarque de Holanda. Escrita em 1971, retrata de forma poética a história real de muito trabalhadores da construção civil. O que o inspirou a escrever a música? Talvez o noticiário da época tenha contribuído, afinal os anos 70 são descritos como o período do “Milagre Brasileiro”, quando houve um boom de investimentos na economia, inclusive na construção. Com o setor a todo vapor, a segurança e saúde do trabalho engatinhando e as normas regulamentadoras longe de se concretizarem, não é difícil imaginar a quantidade de notícias sobre acidentes e mortes ocorridas em canteiros.
Se a suposição acima é verdadeira ou não pouco importa, mas sim a fidelidade com que o compositor reproduziu uma cena, infelizmente habitual àquele tempo e ainda registrada nos dias de hoje, apesar da legislação e dos avanços tecnológicos. Chico acertou até no tipo de acidente mais comum, a queda.
As condições de trabalho na construção civil sempre foram muito adversas. A velocidade com que uma obra se realiza dificulta a organização do ambiente, há interferência direta de fatores climáticos, vários são os agentes físicos, químicos, biológicos e