Novos espaços da Migração No Brasil
Rosana Baeninger*
Introdução
No panorama da mobilidade espacial da população brasileira, nas últimas décadas, destaca-se justamente a complexidade e diversificação dos deslocamentos populacionais propiciados pelos efeitos advindos do processo de urbanização no País. A intensificação das migrações do tipo urbano-urbano gerou novas configurações do fenômeno migratório, cujas especificidades podem ser buscadas em espaços, períodos e dinâmicas socioeconômicas distintas.
O acelerado processo de urbanização experimentado pelas regiões brasileiras, em seu conjunto, nas últimas décadas1, vem redefinindo aspectos importantes do processo de distribuição espacial da população brasileira.
Como afirma Ebanks
(1993:133) “os altos índices de urbanização são resultados de processos complexos.
Estes níveis, por sua vez, têm se convertido, em muitos aspectos, em forças impulsoras de mudanças (...) podendo afetar as correntes e os volumes de migrantes internos”.
De fato, os efeitos desse processo nos movimentos migratórios têm propiciado a expansão dos espaços da migração, com a incorporação de novas áreas de absorção populacional. Portanto, para o entendimento da migração no Brasil é preciso que se considere principalmente as dinâmicas migratórias intra-regionais 2, não tanto pela importância numérica que se impõe mas pelas transformações que se pode captar no fenômeno migratório nesses espaços.
Nesse sentido, este trabalho focaliza os processos migratórios recentes no Brasil, partindo da diferenciação dos movimentos entre os próprios estados: aqueles ocorridos
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Professor Assistente Doutor no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas-UNICAMP e Pesquisador no
Núcleo de Estudos de População-UNICAMP.
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Em 1996, 78,4% da população brasileira vivia em áreas urbanas; apesar das disparidades regionais, a partir de 1980, todas as regiões passaram a registrar mais da metade de seus habitantes no meio