Novos desafios para qualificação profissional
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NOVOS DESAFIOS PARA A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Elisabeth Orletti[i] INTRODUÇÃO As mudanças no mundo do trabalho, que vêm diretamente interferindo na configuração do mercado de trabalho, desde a década de 90, têm como marco a crise das políticas do Estado de bem-estar-social, a derrocada do socialismo real e a emergência do ideário neoliberal. A relação entre o atual processo de reestruturação produtiva, a globalização da economia e os novos requisitos e demandas à formação profissional tem sido uma das questões mais polêmicas da atual sociologia do trabalho e tem trazido efetivas transformações aos processos de trabalho. Estas questões fazem parte do cenário do neo-pragmatismo, neoliberalismo e pósmodernismo,que impregnam o desenvolvimento capitalista atual e relacionam-se com características da modernização tecnológica e organizacional que tem acompanhado o atual processo de mundialização do capital, as quais estão trazendo precarização social e aumentando, ainda mais, os índices de desigualdade social para a classe trabalhadora, que necessitam ser melhor investigados. Uma contribuição do debate exaustivo, no interior da sociologia do trabalho, é a de trazer à tona que, ao contrário da esperada difusão de uma determinada forma de produção baseada na adoção do trabalho estável, bem pago e qualificado por todo o complexo produtivo, o que vem se conformando é uma nova estrutura industrial em que o trabalho desenvolvido nas grandes e modernas firmas se complementa com inúmeras formas de trabalho informal e mal pago, com o trabalho em domicílio. Isso significa que, mais que representar um setor atrasado e anticapitalista, este tipo de trabalho, está perfeitamente integrado á atual cadeia de produção flexível. Mais que uma excrescência, é parte constitutiva do sistema, tendendo a se difundir, na mesma medida em que, na outra ponta
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