Novos arranjos familiares e suas implicações para o desenvolvimento infantil
A família é o principal agente da socialização e reproduz padrões culturais no indivíduo. Ela “inculca modos de pensar e atuar que se transformam em hábitos” (Lasch, 1991, p.25). É na família que se concentram as possibilidades de constituição de pessoas enquanto sujeitos e cidadãos. É no seio dela que vão acontecer as primeiras identificações, espelho para identificações futuras.
As formas de estabelecer vínculos entre os seres humanos variam enormemente, tanto de uma época para outra quanto na mesma época, porém em lugares diferentes. Assim, a diversidade das formas de convivência humana não é privilégio de nossa época. No entanto, na contemporaneidade observa-se uma verdadeira revolução “no modo como pensamos sobre nós mesmos e no modo como formamos laços e ligações com outros” (Giddens, 2000, p.61). Convivemos com diversas formas vinculares, nenhuma necessariamente melhor ou pior que as outras. Ao lado de formas tidas como tradicionais, por exemplo, o tipo de família nuclear, há outras constituídas por casais homossexuais, monoparentais, recasados e tantas outras. É um verdadeiro contingente de diversidade! Não sabemos ainda quais serão as vantagens ou desvantagens que cada uma delas acarretará para o ser humano, principalmente para as crianças, uma vez que, por serem formas recentes, não permitem uma avaliação fundamentada. O que podemos dizer de todas essas transformações é que, apesar de tanta diversidade, ainda é grande a dificuldade que sentimos em aceitar as diferenças. A sociedade persiste na transmissão do modelo de família nuclear tradicional, com pai provedor e mãe dona-de-casa em tempo integral, como o ideal, e vê com maus olhos as novas configurações familiares.
De acordo com Giddens (2000), o que nos países ocidentais chamamos de família tradicional “é de fato uma fase tardia, transicional, que teve lugar no desenvolvimento da família na década de 1950” (p.66). Naquela época havia poucas mulheres que trabalhavam fora do lar e as