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Conforme a lenda da mulher de duas cores, a assombração aparece de dia, à luz do sol, nas estradas de Minas Gerais, fronteira com São Paulo, ou dentro das pequenas matas. Veste roupas de algodão de duas cores, seu corpo é dividido em manchas pretas e brancas, caminha com pressa nas pontas dos pés quieta e calada. Contam os antigos que a magra mulher é o fantasma da neta de um viúvo fazendeiro, que ao descobrir que a filha estava grávida de um escravo, e tinha fugido para um quilombo com o negro, encomendou os trabalhos de uma bruxa para que o bebê não viesse ao mundo.
Mesmo assim a mãe deu a luz a uma menina de duas cores, com manchas brancas e manchas escuras. O povo do quilombo a acolheu com carinho e costumava costurar roupas diferentes para esta menina, seus vestidos eram de algodão, longos e sempre tingidos de duas cores.
Ao ficar moça ela saiu do quilombo e foi para a cidade, onde foi muito estigmatizada e até maltratada. Com isso, voltou para o quilombo, porém não encontrou mais ninguém do seu povo, já que com a abolição da escravatura todos tinham ido para a cidade. Deste ocorrido, a menina retornou para a cidade em busca de seu povo, porém no caminho, morreu em um acidente de arma de fogo. Diz a lenda que seu espírito não se deu conta da morte, e ela até hoje vaga em busca do seu povo, a passos rápidos e largos, sem colocar o calcanhar no chão.
Lenda da mulher de duas cores