Nova Republica
HERBERT DE SoUZA*
1. Introdução; 2. O que é o social no Brasil (uma história sumária'; 3. O social para a Nova República;
4. O discurso do social na Nova República; 5. O estado do social no Nova República; 6. O social como o fim da Nova República.
1.
Introdução
:f. importante reconhecer que a Nova República expressou o resultado de um movimento social reformista encarnado na promessa de um novo Estado e de uma nova relação entre Estado e sociedade. O novo da Nova República não era a República, mas essa promessa de uma nova relação.
A Velha República, além de encarnar um modelo de desenvolvimento do grande capital transnacional, de costas voltadas para a sociedade brasileira, por isso mesmo definia, entre Estado e sociedade civil, um divórcio que só era capaz de manter através de uma relação autoritária entre os dois. Por isso, a Velha
República é o golpe e a Nova sua superação.
Na Velha República o Estado era a encarnação dos objetivos, planos e realizações do grande capital e a sociedade era o retrato, o resultado e a vítima dessa relação. Não é por aca~o que nestes últimos 20 anos nunca se realizou no
Brasil uma eleição direta para presidente da República: a sociedade civil nacional não podia eleger o presidente da nação a que pertencia.
No período da Velha República o Estado realizou, de forma notável, um programa de desenvolvimento do grande capital transnacional e nacional associado no Brasil. Enquanto o grande capital e seus sócios internos se desenvolviam, era passada a mensagem de que esse era o desenvolvimento do Brasil. O transnacional se fez nacional e transnacionalizou aquilo que a seu ver pertencia ao mundo. Na verdade, como o capital nunca existiu realmente em termos de nação, não havia por que fazer exceção para o nosso caso. A nação do capital é o próprio capital e nesse mundo não faz sentido falar em Brasil ou capital brasileiro. Foi assim que o Brasil passou a ter o oitavo