Norma culta
1. Diálogo difícil do professor de Português com os alunos é convencê-los a falar e a escrever conforme as normas da língua culta.
2. Para muitos representantes, esses padrões são uma imposição das classes dominantes e devem ser, como outras formas de opressão, abolidos, em benefício do povo brasileiro.
3. Existe em tal argumento uma convergência de elementos heterogêneos. Ressalve-se, de logo, que a língua, toda língua, é sempre uma propriedade coletiva, um bem socializado, um patrimônio nacional. Nenhuma classe é donatária exclusiva do idioma.
4. Mas a grande confusão está mesmo no entendimento deficiente do processo de comunicação. Vivendo em comunidade, todo falante é naturalmente entendido pelos parentes. Há, porém, outros estratos na vida social: a escola, a igreja, o clube, o trabalho que proporcionam momentos informais e formais. O falante civilizado não deve se expressar, em toda a parte, em todo momento, com a linguagem da tribo ou do clã. Seria uma inadequação a ser repelida pela sociedade como um comportamento inconveniente.
5. Ao usufruir o estudante, no manejo oral ou escrito, das modalidades cultas, não está o professor de Português impondo-lhe um código arbitrário, mas simplesmente habilitando-o a que, em qualquer situação, possa utilizar o extraordinário instrumento que é uma língua de civilização.
6. O conhecimento do idioma é então necessário como o de outras normas de convivência social.
7. Se não se aceitam as normas de educação, de higiene, de trânsito, etc…, o recurso é o retorno às selvas. Mas, ainda nesse caso extremo (porque o homem não vive isolado), sempre haverá alguma regra a ser seguida.
8. O acesso à língua culta, por ser esta uma certidão de cidadania, constitui-se numa aspiração legítima. Cumpre ao professor de Português assegurar aos seus alunos esse direito.
(Jairo Dias de Carvalho, Jornal dos Sports – 20/11/1992)
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