Norma Culta
Já foi falado sobre as tentativas de unificar a língua nas gramáticas normativas, através da negação das variedades lingüísticas. A Lingüística é uma ciência que possui bases sólidas em pesquisas e desautoriza essas práticas.
Renzo Sansoni, formador de opinião, defende o que chama de “escrever certo, correto, sério e coerente”, fazendo duras críticas ao “samba do analfabetismo doido” (como ele mesmo diz) vistos em placas e anúncios comerciais. Seu conceito de idioma fica claro: é o da norma culta escrita. Neste caso e em muitos outros, o preconceito contra a língua combina-se com o preconceito contra o usuário da língua. Ele busca argumentos no fato da língua escrita e da ortografia serem homogêneas, e por isso, mais corretas. Porém estas variam tanto quanto a manifestação oral, só que de forma mais lenta e imperceptível. Segundo Bakhtin, a palavra se produz continuamente nos processos interativos, ou seja, com o “outro”.
Assim, fica claro que o “K” por exemplo, tão abominado pelos defensores da gramática normativa, é fruto do domínio econômico e cultural dos países de língua inglesa, especialmente dos EUA. Interferências estas, que são inevitáveis e podem chegar inclusive, aos dicionários.
Essas mudanças poderiam ser incluídas nas escolas como forma de reflexão sobre a língua, de modo que se estudasse a língua viva e não uma língua morta. Não há necessidade de excluir a importância da ortografia, não é uma apologia ao erro, mas as mudanças existem independente da vontade dos gramáticos ou da escola, e o importante é que estes conflitos ideológicos provoquem o sujeito-aluno a pensar e emitir sua própria opinião sobre o assunto.
Em outro exemplo de defesa da norma culta, Pasquale Cipro Neto, em sua coluna no Jornal Folha de S. Paulo, diz ser a favor de formas “moribundas” da língua como o pronome “cujo”, e nega veementemente o aspecto vivo da língua. Percebe-se novamente uma imagem equivocada da