norbert elias

Em sua obra “O processo civilizador”, Norbert Elias aborda a problemática de que os indivíduos ocidentais nem sempre se portaram de maneira que chamamos de civilizada. Nesse livro, Elias fornece algumas respostas sobre porque ocorreu essa mudança nas condutas da sociedade ocidental e como ela ocorreu.

Elias utiliza um extenso material documental do século XIII ao século XIX, para observar as mudanças ocorridas no padrão do que a sociedade exige e proíbe no que concerne à conduta dos indivíduos, e demonstrar o caráter processual, historicamente construído do que hoje é denominado comportamento civilizado. Elias mostra como as estruturas das relações sociais na Idade Média não obrigavam os indivíduos a controlar suas emoções ou refrear suas funções corporais na frente de outras pessoas. Evidencia ainda a transformação do comportamento humano, onde a vergonha é elevada, na direção de um maior controle das emoções.

A sociedade européia, altamente refinada do século XIX, não chegou àquele grau de refinamento rapidamente, foi um processo gradual. Alguns dos costumes do final da Idade Média seriam considerados como bárbaros pelos europeus do século XIX. Isto inclui desde o modo de se portar à mesa, o uso dos talheres, o modo como os alimentos são preparados e até o comportamento em relação às funções corporais.

Com a centralização do poder nas monarquias absolutistas, e uma vida de maior interdependência entre os elementos das cortes, a moderação e o controle dos impulsos tornaram-se necessários para convivência, bem como um sinal de distinção dessa elite social. Nesta época, a restrição dos impulsos encerrava uma razão social, já que ela somente era recomendada na presença de indivíduos com posição superior ou igual na hierarquia social.

Com a maleabilidade da hierarquia social, por volta do século XIX, uma vergonha que antes era sentida apenas na presença de indivíduos de posição superior ou igual, vai perdendo a referência social e começa a ser percebida