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Mais da Revista SuperInteressante, parte de uma postura virtuosa e arriscada: adentrar na discussão sobre essa droga psicoativa de uso tão disseminado quanto de preconceitos arraigados, com o objetivo de abrir um debate ponderado e desmistificador. O principal alvo do autor é inaugurar um espaço de reflexão sobre a maconha que evite as desinformações veiculadas pelas mídias, especialistas, oportunistas e discursos governamentais. Ao concluir a leitura, percebe-se que a preocupação em colocar a o problema da maconha em linguagem direta e acessível tornou possível a construção de um texto claro e diferenciado no atual panorama jornalístico, e mesmo acadêmico, dos estudos sobre psicoativos no Brasil.
A perspectiva do livro é crítica com relação à Proibição das drogas tal como instituída em princípios do século XX em diversos países do globo, com destaque para os
Estados Unidos. Atravessa o texto de Burgierman um teor antiproibicionista que situa a questão da maconha no quadro geral da Proibição, recordando que a reprovação desta droga também se ampara em um lastro moral que condena a ebriedade em nome da saúde do corpo, do espírito e da sociedade. Esse terreno no qual se erguem as leis e as posturas antidrogas é o do rechaço moral e, portanto, dogmático, avesso à discussão e ao embate de idéias. No entanto, Burgierman demonstra saber que crenças muito arraigadas só motivam monólogos. Assim, o livro chama para o diálogo, procurando provocar indagações múltiplas. A contextualização da proibição da maconha no âmbito geral do Proibicionismo traz à tona uma importante