Nietzsche: O problema socrates
Entre as várias “marteladas” de Nietzsche, encontra-se uma bem evidente: a crítica ao pensamento socrático. Assim como a religião judaico-cristã instaurou valores que envenenaram a humanidade, Sócrates para Nit, também contribuiu para os rumos funestos do desenvolvimento cultural e, conseqüentemente, do homem. Foi em uma conferência intitulada “Sócrates e a Tragédia”que Nit atacou o pensamento socrático e, em suas palavras dirigidas por carta ao amigo Rohde, causou “susto e mal-entendidos”.
Na tentativa de compreender a oposição de Nit, vamos recordar um pouco do pensamento socrático. Sócrates foi um grande racionalista da época, sua máxima residia no famoso “conheça-te a ti mesmo” que em essência expressa uma alta valorização da consciência e da racionalidade enquanto elementos que nos permitem acessar o que é o “bom” e o “ruim”. é importante situar Sócrates como aquele que coloca o conhecimento, construído unicamente pela razão e pela consciência, em uma posição central para o homem alcançar o que é de mais alto valor.
Por outro lado, para Nit, a consciência é algo que surge da necessidade do homem viver em sociedade (“rebanho”), sendo a linguagem um órgão a serviço da consciência que também surgiu das necessidades da vida coletiva. Dessa forma, o homem está limitado ao desconhecido. O homem é um Ser dotado de um corpo em sentido fisiológico e o subjetivo (pensamentos, linguagem, consciência) é um processo secundário e não o essencial, isto é, há vida independente da consciência se revelar. O subjetivo passa a ser criação do homem vivendo em sociedade e a consciência a frágil casca fina que encobre as profundezas do Ser.
Dentro desse contexto, é bom ressaltar que Nit arquiteta sua filosofia na desconstrução de valores que até então os homens têm se apoiado enquanto diretrizes para a humanidade. Não por pura rebeldia e insatisfação com os valores da época, mas por assumir uma posição de que a verdade nos é inacessível, restando-nos