Neonatologia
Introdução
Um dos maiores avanços obtidos no campo da Neonatologia na última década deste século foi, sem dúvida, o desenvolvimento e a disponibilidade comercial do surfactante exógeno para o tratamento da doença das membranas hialinas (DMH). Esta doença é causada primariamente por uma deficiência de surfactante ao nascimento. Os RNs com esta doença são prematuros com sistemas de produção e/ou reciclagem de surfactante ainda em desenvolvimento, possuindo, em decorrência da prematuridade, uma maior permeabilidade endotelial e alveolar a ptns, facilitando a ocorrência de edema pulmonar com a consequente inativação tanto do surfactante presente na luz alveolar como do surfactante exógeno utilizado para o tratamento desta patologia. A terapêutica com surfactante exógeno permitiu uma redução das taxas de mortalidade neonatal entre os prematuros extremos, com impacto inclusive na mortalidade infantil dos países desenvolvidos. No entanto o uso adequado desta nova classe de medicamentos implica em um conhecimento não apenas da fisiopatologia da DMH, mas também da composição, função e metabolismo do surfactante pulmonar.
Funções do surfactante pulmonar
O resultado da interação físico-química entre as moléculas de água e o ar presente no interior dos alvéolos resulta em uma força de intensidade variável, chamada de tensão superficial, que varia de acordo com o diâmetro alveolar. Assim com a redução do diâmetro observada no final da expiração, esta força aumenta de grandeza e tende a causar o colabamento alveolar. Desta forma, a tensão superficial do interior do alvéolo exerce grande influência sobre a mecânica pulmonar. A principal função do filme de surfactante, que se situa entre as camadas de água e o ar no interior do alvéolo, é a redução da tensão superficial no final da expiração, a fim de se evitar o colabamento alveolar. Através deste mecanismo, o filme de surfactante também