Necessário Vida
Pense comigo, qual seria a graça da minha história de vida caso eu fosse um aluno que só tirasse notas exemplares e nunca tivesse aprontado alguma? Sempre achei, desde pequeno, que um dia eu iria no Programa do Jô e minha professora contaria um pouco de como eu era na época que ainda estava dando nome aos meus pentelhos. E claro, não queria que ela dissesse: “Ele era um ótimo aluno, sempre bem estudioso e não comia ninguém”.
Convenhamos, muito mais charmoso ela chegar e dizer: “Ele era um inferno, aprontava muito e fazia a sala inteira gargalhar, mas hoje ele é o que é. E continua não comendo ninguém.”
Continuando nessa linha retórica dos meus mais invasivos defeitos, contarei um dos meus piores. Volta e meia eu saía com uma mulher e conversava horas a fio sobre Dostoievski, Molejo ou como não compreendo pessoas que em sã consciência colocam ketchup na pizza. Então durante o enredo da conversa e seus possíveis beijos cheios de saliva, eu olhava o cardápio e perguntava: “Gostas de Bruschettas?” e ela respondia: “Sim, adoro e sei fazer muito bem” – por mim eu já casava ali mesmo, até porque que homem não casaria com uma mulher que sabe fazer Bruschettas?
Aí se por uma eventualidade – ou ócio na vida dela – saíssemos de novo eu provavelmente iria repetir a mesma pergunta. Eu parava, refletia comigo mesmo e pensava: “Cara, será que já perguntei isso pra ela? Ou