Necessário Vida
Dizia-se que tinha grande desprezo pela Humanidade.
Caminhava pelas ruas de Atenas com uma lanterna, a proclamar:
– Procuro um homem honesto.
Era algo para ele tão difícil quanto iluminar um palheiro em busca de agulha perdida.
Observação bem atual, ante a desavergonhada corrupção que se institucionaliza na sociedade humana.
Diógenes não era nenhum misantropo ranheta e excêntrico.
Havia em suas atitudes um humor irônico, que popularmente chamaríamos hoje de gozação, com o qual procurava instigar as pessoas à apreciação de suas idéias.
Ensinava que o supremo recurso de felicidade é o total desprezo pelas convenções humanas, em obediência plena às leis da Natureza.
O caminho para essa realização está na simplificação da existência, superando a superficialidade e os modismos. Andava descalço;vestia uma única túnica, dormia num tonel…
Certa feita, viu um menino a usar o côncavo das mãos para tomar água. Admirou-se: – Acabo de aprender que ainda tenho objetos supérfluos.
Jogou fora a caneca que usava e passou a imitar o menino.
Alexandre, o Grande (356-323 a.C.), quis conhecê-lo e testar seu proverbial desprendimento dos bens materiais.
Foi encontrar o filósofo, em fria manhã de inverno, aquecendo-se ao sol. Após serem apresentados e conversarem, Alexandre disse-lhe estar disposto a atender qualquer pedido seu.
O capricho mais sofisticado, o objeto mais precioso…
Diógenes sorriu e respondeu: – Quero apenas que não me tires o que não me podes dar. Estás diante do Sol que me aquece. Afasta-te, pois...
Certamente seria complicado tomar Diógenes ao pé da letra.
Acabaríamos internados num hospício. Os tempos são outros. Além do mais, estamos longe do desprendimento total.
Não obstante, seria interessante observar a tônica de suas idéias: simplicidade.
É preciso que nos libertemos de condicionamentos e modismos, do supérfluo e do