Natureza

VII Neste capítulo o autor procura na civilização, meios para frear ou até mesmo se livrar de seu instinto de agressividade. Eis o sentimento de culpa e a necessidade de punição. Alguém se sente culpado, ou pecador, quando faz algo ‘mau’, e sua consciência assim o acusa. Este estado mental é o que se chama ‘má consciência’, e o sentimento de culpa é tão somente um medo da perda de amor, uma aflição social. Do superego nada se esconde. Ele atormenta o ego pecador e espera por um momento oportuno para faze-lo ser punido pelo mundo externo. Freud diz não estarem errados os santos ao se dizerem pecadores. Um homem sem sorte pode ser considerado, segundo Freud, como não mais amado pelo Destino. Não mais amado por esse poder supremo, curva-se ao representante paterno em seu superego novamente, embora o tenha desprezado nos dias de fortuna. O sentimento de culpa surge de duas fontes: do medo de uma autoridade e do medo do superego. Segundo o pensador, “A primeira insiste numa renúncia às satisfações instintivas; a segunda, ao mesmo tempo em que faz isso, exige punição, de uma vez que a continuação dos desejos proibidos não pode ser escondida do superego”. Uma provável infelicidade externa, como a perda de amor ou o castigo por parte da autoridade externa, é trocada por uma constante infelicidade interna, a tensão do sentimento de culpa. Renuncia-se ao instinto, pelo medo da agressão externa. Eis o medo da perda de amor, uma vez que o amor é o escudo que protege contra a agressão punitiva. Assim, organiza-se a autoridade interna. Cada repressão sobre a consciência é absorvida pelo superego, que aumenta, dessa forma, sua agressividade potencial. O ego da criança contenta-se, por dever, com o papel infeliz do pai, a autoridade. A quantidade de agressividade vingativa da criança será, portanto, proporcional pela quantidade de agressão punitiva que espera da autoridade paterna. Partindo dessa ideia, o autor estabelece um mito ao dizer que “o sentimento de